O texto abaixo é o relato de minha participação no FORUM I, na Disciplina Educação por Internet. Gostaria de compartilhar minha opinião com quem estiver interessado.
No texto Educação e inovação tecnológica: um olhar sobre as políticas públicas brasileiras do Professor Nelson Pretto há uma citação do professor Miguel Arroyo que chamou minha atenção, porque vem exatamente de encontro ao que eu penso sobre a perversidade de um sistema que, ao mesmo tempo que exige que o professor esteja também integrado nesta rede mundial, lhe nega oportunidades e possibilidades.
No texto Educação e inovação tecnológica: um olhar sobre as políticas públicas brasileiras do Professor Nelson Pretto há uma citação do professor Miguel Arroyo que chamou minha atenção, porque vem exatamente de encontro ao que eu penso sobre a perversidade de um sistema que, ao mesmo tempo que exige que o professor esteja também integrado nesta rede mundial, lhe nega oportunidades e possibilidades.
Não é mais possível em mais uma proposta de governo ser "esquecida" a obrigação dos dirigentes da nação com a formação sólida e continuada dos principais formadores de mentalidade do país. Tal esquecimento nos faz pensar que a desqualificação das professoras e professores foi é um dos mecanismos 'para mantê-los fracos e disponíveis à manobras e conchavos políticos-burocráticos' (Arroyo,1985, p. 9) formando outros cidadãos e cidadãs fracos e disponíveis às mesmas manobras e conchavos (Barreto, 1996, p. 4).
Não que o professor possa se eximir da responsabilidade de sua formação, mas que condições ele pode ter? Muitos de nós estamos enfrentando hoje uma guerra com o governo mineiro por conta de salário. Se a realidade financeira de alguns lhes permite, a maioria de nós não conta com incentivo algum para dar continuidade à formação.
É claro que não podemos cair no discurso negativista e coitadista da condição do Profissional da Educação, mas sem políticas públicas que favoreçam formação e acesso, continuaremos ouvindo os colegas na sala dos professores a dizer "que esse negócio de internet é coisa de gente desocupada e que esse tal de ensino à distância é só pra tirar dinheiro dos desavisados ou para conseguir títulos com facilidade", como eu já cansei de ouvir.
Eu sou uma guerreira. Nunca fui de ficar esperando que nada caísse dos céus em minhas mãos. Você pode até pensar que não, pelo meu jeito de falar, mas essa postura de muitos colegas de "eu não tô nem aí pra essa sociedade em rede" me irrita profundamente. Quando, em 1997, meus colegas mais experientes, disseram que quem não tivesse uma licenciatura não poderia mais dar aulas eu fui correndo fazer vestibular e passar, em uma universidade pública, gratuita e de qualidade. Até hoje tenho colegas chorando porque não têm dinheiro para pagar faculdade e o governo não ajuda. No caso em questão, muitos profissionais nem sabem ainda que uma revolução está acontecendo. Talvez tenham uma leve desconfiança. Hoje eu sei de coisas que há seis meses nem suspeitava. E não falo de conhecimentos técnicos, programas de computador. Essa demanda da sociedade de transformar informação em conhecimento ganhou um novo significado para mim. É claro que informação é importante. Mas o que fazer depois de receber tanta informação? Eu vou acreditar no Anastasia que fala que paga o piso ou na cópia do contra-cheque que o professor mostra? Eu e meus colegas precisamos de incentivo. A grande diferença é que sou animada por natureza. Imagine, entramos na rede municipal em que trabalho através de concurso público e agora que o concurso esgotou queremos a realização de um novo, para o provimento dos cargos vagos. Um dos professores da escola não acredita que haverá concurso. Como não, se é lei, se já aconteceu conosco recentemente e se há uma categoria inteira nessa mesma expectativa? Muito tem sido negado aos Professores e muitos de nós perderam a capacidade até de sonhar. Apesar de me irritar, não posso culpar meu colega por ele não saber. E muitas vezes por ele querer continuar não sabendo. Mas continuarei dizendo que não há investimento suficiente do governo, por inúmeras razões que parece que não caberão aqui. Alguns Professores que eu conheço nem conseguiram se cadastrar na Plataforma Freire. Até eu que me cadastrei e já me inscrevi em três cursos, tive minha matrícula negada. Nos três. Uma outra experiência que tive sobre formação continuada foi o Programa Gestar II. Muitos colegas que começaram o curso não o terminaram. A carga horária extensa e os encontros pedagógicos presenciais, os relatórios e a entrega do projeto acabaram por sobrecarregar a maioria, que já tem uma carga horária de trabalho de 40 horas semanais. O programa é maravilhoso, mas muitas secretarias municipais de educação não possuem um PCCV e as próprias secretarias não ofereceram aos cursistas nenhum incentivo. É fácil jogar a responsabilidade nas mãos do professor. Difícil é dar a ele condições, fazer com que ele deseje isso. As iniciativas do governo federal são excelentes. Mas são tímidas, ainda. A profissão anda muito desvalorizada. É sacerdócio para uns, complementação de renda para outros. O professor precisa entender que é um profissional e fazer o que estamos fazendo hoje, em Minas Gerais: lutar por condições de exercer com dignidade seu trabalho. Enquanto isso não acontecer, nada feito. Viveremos de uma esperança vã, que nunca se concretizará. Ou de exemplos de pioneiros, daqueles que vão na frente e contam pros outros, convidam e incentivam porque acreditam naquilo que fazem e porque sabem que sozinhos não conseguirão a tão sonhada sociedade em rede de fato e de direito. Um abração da Silvia. |